Texto 4.

14/03/2010 14:47

 

4. Sim, ainda podemos limpar a sujeira

Novo relatório da ONU diz que é possível e não custa caro conter o aquecimento global

 

Enfim, uma boa notícia a respeito do aquecimento global, que ameaça fugir inteiramente ao nosso controle. Ainda há tempo para conter o processo e evitar suas conseqüências mais catastróficas, como enchentes, secas, extinção de espécies, derretimento dos pólos e outros desastres naturais. A conclusão animadora é do terceiro relatório divulgado neste ano pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), criado pela ONU para buscar consenso internacional sobre o assunto. (...)

Em linhas gerais, diz o seguinte: se o homem causou o problema, pode também resolvê-lo. E pode fazê-lo por um preço relativamente modesto - pouco mais de 0,12% do produto interno bruto mundial por ano até 2030. Hoje, a concentração de gases do efeito estufa na atmosfera está em 425 partes por milhão (ppm). O gasto anual do PIB mundial é necessário para fazer com que os níveis de concentração desses gases nocivos se mantenham no máximo na faixa entre 445 e 535 ppm. O 0,12% do PIB mundial seria gasto tanto pelos governos, para financiar o desenvolvimento de tecnologias limpas, como pelos consumidores, que precisariam mudar alguns de seus hábitos. O IPCC calcula que um esforço internacional para tornar as casas e os edifícios mais eficientes do ponto de vista energético acarretaria um corte de 30% nas emissões de gases que eles hoje produzem. Isso seria conseguido com medidas simples, como substituir todas as lâmpadas incandescentes por fluorescentes, e outras que dependem de políticas públicas, como o abatimento no imposto de renda para pessoas que instalam painéis solares - a exemplo do que já é feito nos Estados Unidos. (...)

Também não se deve tirar de sua leitura a conclusão de que é fácil controlar o efeito estufa. Para a obtenção de resultados significativos nos níveis de gases poluentes na atmosfera, o esforço de redução das emissões precisa ser global. O fracasso do Tratado de Kyoto, ao qual os Estados Unidos, os maiores emissores de CO2 do mundo, não aderiram, ilustra os problemas colocados diante das tentativas de conter o aquecimento global.

(Revista Veja, 9 de maio de 2007)